Mais do que uma data no calendário, o 31 de outubro é um respiro lírico no ritmo acelerado da vida nacional. O Dia Nacional da Poesia, instituído em homenagem ao nascimento de um de nossos maiores escritores, Carlos Drummond de Andrade, é uma celebração da palavra que canta, denuncia, encanta e constrói identidade. Sua importância para a cultura popular brasileira é imensurável, atuando como espelho e voz da coletividade.
A poesia no Brasil sempre foi um fenômeno democrático. Não se restringe às páginas de livros acadêmicos, ela pulsa nas cordas do repente nordestino, na cadência dos partidos altos e na sabedoria popular dos cordéis. É uma arte que habita o cotidiano, dando forma aos amores, às lutas, às dores e às esperanças do povo. Figuras como Drummond, Vinicius de Moraes, Cora Coralina e, mais recentemente, poetisas como Conceição Evaristo, mostram como os versos podem capturar a essência de um povo, da sua paisagem humana e social.
Na cultura popular, a poesia funciona como um poderoso agente de memória e resistência. Ela preserva histórias não contadas nos livros oficiais, mantém vivos os sotaques e as tradições regionais e serve como ferramenta de crítica social e de afirmação de identidades marginalizadas. O sarau na comunidade, a batalha de poesia na praça e o verso anônimo rabiscado em um muro são manifestações de uma vitalidade cultural que se recusa a ser calada.
Neste dia, celebrar a poesia é celebrar a própria linguagem do Brasil em sua forma mais pura e potente. É reconhecer que a beleza e a complexidade do povo brasileiro encontram, nos versos, um eco eterno. É lembrar que, em um país de tantas palavras, a poesia é aquela que, definitivamente, nos diz quem somos.
FOTO : GOOGLE IMAGEM GRATUITA
TEXTO : ALTERVIR NORMANDO