sexta-feira, março 14, 2025
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Eleitorado evangélico crescente barra as chances da esquerda em 2026, diz pesquisa

por Redator
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Pesquisa “Vai na fé! O impacto eleitoral do crescimento dos evangélicos” conclui que as chances de um candidato de esquerda seguir na presidência a partir de 2027 são mínimas. (Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)

Até 2026, ano das próximas eleições presidenciais, os evangélicos vão representar 36% da população, um crescimento em relação aos 32% de 2022 e aos 22% de 2010. Este fenômeno reduz significativamente as chances de eleição de um candidato de esquerda, já que existe uma relação consistente, em todos os estados e regiões do país: o PT e seus aliados recebem menos votos em municípios com maior presença evangélica.

Em 2022, a conversão de votos entre a população não evangélica na direção de Luiz Inácio Lula da Silva foi a maior da história. Mas, mesmo que o fenômeno se repetisse, o crescimento da população evangélica é suficiente para garantir a vitória de um candidato de direita em 2026, já que o atual presidente não alcançaria mais do que 49,8% dos votos válidos.

As conclusões constam de uma análise realizada pela empresa carioca de gestão de ativos Mar Asset Management. Denominado “Vai na fé! O impacto eleitoral do crescimento dos evangélicos”, o trabalho conclui que as chances de um candidato de esquerda seguir na presidência a partir de 2027 são mínimas. E indica que existe uma clara tendência de maior votação em partidos de direita na última década.

“Ao contrário do senso comum, os dados sugerem uma relação histórica entre eleições municipais e presidenciais”, aponta o estudo. E este não é o único clichê de análises políticas que o levantamento questiona. O trabalho também coloca em xeque a ideia de que existe uma forte correlação entre bom desempenho na economia e alta votação.

Economia x religião

Em política, existe uma crença antiga de que o desempenho na economia real gera votos. Se as pessoas consideram que sua vida melhorou, que têm maiores oportunidades de acesso a renda e a consumo, tendem a eleger ou reeleger candidatos que, em sua visão, proporcionaram essa possibilidade. Em palavras mais curtas e duras, essa argumentação foi sintetizada pelo publicitário James Carville, em 1992, quando ele orientou a equipe do candidato a presidente Bill Clinton com um cartaz que, entre outras orientações, continha a frase: “É a economia, estúpido”.

Ao analisar constantemente cenários futuros para basear as decisões de negócios no mercado financeiro, a equipe da Mar Asset Management começou a perceber que o slogan parecia não se aplicar ao atual governo Lula. “A foto de momento da economia brasileira é positiva, apesar de todos os erros cometidos na polícia econômica. E ainda assim o presidente parece estar num limbo nas pesquisas de aprovação da gestão e de intenção de votos para 2026”, diz o economista Paulo Coutinho, associado da corretora. “Enquanto o setor financeiro em geral avalia que a próxima eleição presidencial vai ser novamente equilibrada, nós tínhamos uma leitura diferente. Entendíamos que a esquerda não vai se eleger e saímos em busca dos motivos que explicam esse fenômeno”.

A eleição de Lula em 2022, aliás, representou uma exceção nos últimos anos, ele avalia. “O cenário dos últimos anos é consideravelmente favorável à direita, e desconfiávamos de que o eleitor evangélico estava relacionado a este fenômeno. É uma religião que prega a teoria da prosperidade, a ideia de que as pessoas crescem por mérito próprio, não precisam de ajuda do governo, enquanto a esquerda tende a valorizar o estado inflado”, diz Coutinho.

Num primeiro momento, a equipe de especialistas esbarrou numa dificuldade: a falta de informações atualizadas sobre as crenças da população brasileira. Foi então que os profissionais decidiram cruzar informações de diferentes fontes e apoiar uma análise sobre o volume e a relevância política desta fatia do eleitorado. Construíram uma série histórica da população evangélica por nível municipal, com atualização mensal, utilizando dados de CNPJ da Receita Federal para o número de templos ativos no país.

“Capturamos dois movimentos. Um deles é a consolidação do voto dos evangélicos em alinhamento com pautas conservadoras e ligadas a costumes. Sem julgamento de valor, esses eleitores não querem optar por candidatos que defendem, por exemplo, o aborto”, afirma Raphael Santos, também economista e associado da corretora. “O outro movimento é o crescimento da população evangélica”.

Gestão equivocada

Os especialistas da gestora identificam equívocos na estratégia de ampliar o tamanho do Estado de forma desproporcional.“O Brasil está numa situação delicada, proveniente de erros de política econômica. A economia opera acima da capacidade, liderada por um governo que, por motivações políticas, não aceita desacelerar”, afirma Paulo Coutinho.

“O governo foi eleito de forma muito apertada, logo vieram os protestos de 8 de janeiro, não foi possível seguir o fluxo que os presidentes costumam adotar: iniciar com ações mais responsáveis na política econômica e, mais perto das eleições, adotar medidas mais populistas. Não foi o que aconteceu, a política econômica se mostrou um risco para o país desde o início do mandato. E o Banco Central reage com uma taxa de juros alta, necessária, mas que tem efeito negativo para o setor privado. Como resultado, todos os ativos brasileiros carregam um peso muito alto”.

Além disso, diz o especialista, um governo de centro direita conta com uma maior aceitação quando adota medidas econômicas mais rigorosas. “Para um governo de esquerda, quando se quer pisar no freio da economia, a reação é mais hostil. Por isso a possibilidade de haver uma troca do comando do executivo cria uma nova perspectiva”. É pouco provável que este cenário se reverta, afirma Santos: “As eleições de 2026 vão seguir um caminho ainda mais à direita. É difícil que este cenário mude, porque ele está bem consolidado”.

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