A “Romaria das Águas”, realizada anualmente em Parintins (AM), é uma das mais expressivas manifestações religiosas e culturais da região. O evento, que acontece no mês de Julho, reúne milhares de devotos em uma procissão fluvial pelo “Rio Amazonas”, celebrando “Nossa Senhora do Carmo” padroeira do local. A tradição, que mistura fé, música e identidade ribeirinha, reforça a importância do sagrado no cotidiano das comunidades.
A romaria tem origem nas festividades católicas, mas incorporou elementos da cultura indígena e cabocla, tornando-se um símbolo de resistência e sincretismo. Durante o percurso, os barcos enfeitados carregam imagens da Santa, enquanto os fiéis entram em cantorias e ladainhas, acompanhadas pelo ritmo dos tambores e violões. A chegada à Ilha Tupinambarana marca o ápice da celebração, com missa, procissão, apresentações folclóricas e guloseimas.
Além do aspecto religioso, a Romaria das Águas é um “patrimônio imaterial” que fortalece o turismo e a economia local, atraindo visitantes de todo o Brasil. Para Parintins cidade já famosa pelo Festival de Boi-Bumbá, o evento ressalta a conexão entre o homem e o rio, eixo central da vida amazônica. Em um contexto de desafios ambientais, a romaria também ganha tom de “resistência”, lembrando a dependência das águas e a necessidade de sua preservação.
A Romaria das Águas não é apenas um ato de devoção, mas um “testemunho vivo” da cultura amazônica, onde a fé navega em harmonia com a tradição.
Texto: ALTERVIR NORMANDO
Foto: ALTERVIR NORMANDIO